Os medos que perdi – o ano de 2013

Os medos que perdi, muitas vezes, eram desconhecidos até o momento de encará-los – o que ocorreu em 2013 e sinto, hoje, a conquista. Mas a conquista de que? Da minha mente sobre o meu corpo. Ano passado eu me joguei, querendo ou não,  nas novas experiências que decorreram por um único motivo: mudei de cidade.

Vim para São Paulo por puro acaso, pois ao passar as férias com o namorado por aqui, arrumei um emprego. Tudo ocorreu da forma mais simples e pura possível, sem ansiedades, sem dramas. De repente aqui estava eu, acordando as seis e meia, pegando metrô e convivendo com pessoas. Acredito que este foi o primeiro passo. Ter um emprego nos muda: são obrigações, e não vindas dos seus pais, mas obrigações com consequências que eu ainda não quero sentir (como não poder me sustentar).

Todos sabem como sou introvertida, desconfiada e, em geral, tenho uma dificuldade gritante de lidar com as pessoas devido a uma lógica existente em minha cabeça que torna certas atitudes alheias motivo de inconformidade. Acho irônico como temos tantas leis que simplesmente dizem o óbvio: não, você não pode parar na vaga de idoso/deficiente; sim, você tem que respeitar as pessoas; sim você tem que esperar eu sair do metrô para você entrar. É incrível como precisamos de ter uma possibilidade de punição para fazer o que é certo. E não venha com o lema “afinal, o que é certo?”. O respeito de um para o outro e para a natureza é o certo independente das culturas do mundo. (ou não).

Enfim, eu tive  que lidar com isto, com a falta do pensar  e do respeito com o outro durante vários dias, principalmente quando precisava do metrô da linha vermelha ou amarela nos horários de pico. Precisei de paciência, muita paciência. E ainda preciso.

Enquanto exercitava minha paciência, novidades foram ocorrendo: tive que me impor várias vezes, dizer o que achava certo – o difícil é fazer isto o tempo todo e, por isso, perder amizades. Lidei, pela primeira vez, com chefes e, sinceramente, pela minha lógica de como o mundo funciona, não sofro por receber ordens. Decidi, chorando e sofrendo e com náuseas, que nunca mais pensaria em algumas amigas – já havia tido chances de mais para uma amizade de mão única, então chorei tudo de uma vez para construir critérios melhores de quem, realmente, eu gostaria de ser amiga. Aprendi a lidar com estes tipo de saudade: de querer voltar, falar ‘oi’, mas  por saber que só causaria dor, deixei tudo como havia decidido.

Conheci gente nova e fui cuidadosamente caminhando para novas amizades.

Perdi o medo de tudo dar errado. Aprendi a ter calma com a ideia de que o que tiver de ser, será. Se não deu, é porque não era pra dar. Felizmente, deu para vir para São Paulo. E foi assim que tudo aconteceu: eu vim, porque deu certo vir. Não precisei surtar ou fazer grandes decisões – fui à uma entrevista, gostei e decidi que seria uma experiência boa, que eu não teria em Rio Preto. Simples assim. E este é meu lema, agora: Simples assim, porque a vida é, sim, simples e somos nós que gostamos de complicá-la.

Eu perdi o medo do novo, por parte. Perdi o medo de andar pelas ruas de SP sozinha. Perdi o medo de usar colírio, que eu nem sabia que tinha. Perdi o medo de me conhecer e de me amar. Perdi o medo dos olhares alheios. Me soltei. Me respeitei. Me aceitei.  E, por fim, perdi o medo de fogo.

Todo este texto começou por isto: perdi o medo do fogo. Tão lindo e tão perigoso. Começamos com o isqueiro, ele segurando minha mão. Demorou – várias vezes desisti. Até, em um momento aleatório, consegui. Próxima etapa: o fósforo – mesmo processo. Até que, em um momento de necessidade minha e do sono dele, eu tinha que usar o fogão e, simples assim, consegui.

Por isto digo: não sinto falta do meu passado, não fico pensando (tanto) no meu futuro. Gosto do agora e aproveito tudo o que o agora me oferece. Sem medos e paranoias sobre estar indo pro caminho certo, de estar fazendo a escolha certa. A única decisão que fiz e faço é a de acreditar e confiar que os momentos difíceis fazem parte desta loucura toda e, ainda sim, esta minha vida dará certo.

Contando que eu tenha minha família e ele ao meu lado, tudo, sempre, dará certo.

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